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Design instrucional

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Design instrucional, Design Educacional ou Projeto Instrucional é o termo comumente usado em português para se referir à engenharia pedagógica e ao desenho do planejamento educacional .

A engenharia pedagógica trata do conjunto de métodos, técnicas e recursos utilizados em processos de ensino-aprendizagem.[1] O termo inglês "instructional design" busca capturar o mesmo significado do francês "ingénierie pédagogique".

Esse campo de estudo trata do ensino-aprendizagem em qualquer contexto, desde o ensino clássico até tendências contemporâneas quanto ao uso de tecnologia, passando pelo treinamento individual, aplicado a empresas ou ainda militar. Emprega-se o design instrucional à concepção de cursos, aulas individuais e à construção de materiais didáticos como impressos, vídeos, softwares ou, de modo mais genérico, qualquer objeto de aprendizagem.

De acordo com Filatro,[2] o design instrucional corresponde à “ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos”.

Ao inverter a lógica do pensamento predominante de sua época, atribuindo as consequências como fatores determinantes do comportamento, o psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner, dentre outras coisas, revolucionou o modo de se conceber os processos de ensino e de aprendizagem. Seus experimentos e descobertas acerca do condicionamento operante produziram dados empíricos, replicáveis, e resultados efetivos o que despertou o interesse em diversos campos do conhecimento. Na prática, os estudos de Skinner influenciaram desde a metodologia de ensino utilizada em escolas do sistema americano de educação, até o treinamento de soldados do exército dos EUA durante a segunda guerra. Ainda que não existam dados concretos a respeito deste fato, é a este contexto quase atribui o surgimento do conceito de “design instrucional”. Um possível primeiro modelo do que se chamou de “desenho instrucional”, foi desenvolvido pelo exército americano, a partir das descobertas de B.F Skinner sobre o comportamento operante. Este modelo teria sido aplicado ao desenvolvimento e treinamento de soldados para a segunda guerra.[3]

Além da fundamental contribuição de Skinner e da análise do comportamento para o surgimento da ideia de design instrucional, pelo menos dois momentos históricos devem ser citados como marcantes no desenvolvimento do conceito. O primeiro deles é o que os autores da área chamam de “revolução cognitiva”.

O período entre as décadas de 1960, 1970 e 1980, é apontado como um período onde ocorreu uma “revolução” no modo de se conceber a aprendizagem, que teria implicado em uma “superação” do modelo “behaviorista” de design instrucional.

Um segundo momento marcante na história do Design Instrucional, ocorre no fim dos anos 1990 com a popularização das tecnologias computacionais e o nascimento das práticas de ensino à distância, onde o termo começa a aparecer na literatura referindo-se principalmente a profissionais desenvolvedores de e-learning e EAD.

Com o advento da internet e o avanço das tecnologias digitais da informação e comunicação, atualmente o Designer Educacional pode ser considerado um “profissional do futuro”, pois a sua atuação está estritamente conectada com o século XXI, além disso, precisa ter um perfil interdisciplinar e multidisciplinar já que terá que transitar entre os campos da educação, tecnologia, design, comunicação e gestão.[4]

O reconhecimento da profissão também é bastante recente. Apenas em Janeiro de 2009, o Ministério do Trabalho incluiu a profissão de design instrucional na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). O IDI - Instituto de Desenho Instrucional - referência na área de formação deste profissional para o mercado de trabalho, luta desde 2007 na regulamentação da profissão. Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o Design Educacional (DE) e Design instrucional (DI) são termos que podem ser considerados como sinônimos.[5] Segundo o International Board of Standards for Training, Performance and Instruction (IBSTPI), o DE "desenvolve projetos educacionais, organiza cursos, gerencia pessoas, cria, desenvolve, escolhe e utiliza tecnologias, ferramentas e soluções para a implementação de programas educacionais formais e corporativos".[6] No Brasil, o primeiro curso de graduação que foi inaugurado foi o Curso Superior em Tecnologia de Design Educacional, sendo o primeiro curso EAD da Universidade Federal de São Paulo.[7]

Faz parte dos objetivos do design educacional obter os melhores resultados possíveis nos seguintes tópicos:

  • Transferência de informações, assegurando não-ambiguidade e clareza de compreensão;
  • Retenção de conteúdo, permitindo uso posterior da informação;
  • Desenvolvimento de habilidades, como capacidade de resolver problemas;
  • Curadoria e atualização de conteúdos e recursos tecnológicos;
  • Eficiência no uso de recursos, tratando custo e disponibilidade de materiais e tecnologias.

Esses objetivos requerem tratar a influência de diversos aspectos e fatores envolvidos em uma situação de ensino-aprendizagem.

Diferentes teorias de ensino-aprendizagem dão margem a diferentes abordagens em sala de aula e, por conseguinte, devem moldar o material didático utilizado. Considerações de fundo cognitivo e psicológico podem sugerir adaptações específicas na comunicação entre instrutor e aluno.[8] Características sócio-culturais e disponibilidade de recursos também afetam o trabalho: por exemplo, a utilização de computadores é afetada pela aceitação e familiaridade com sua operação, banda de internet e conhecimento de informática. É um profissional que necessita de muita comunicação e articulação com outras áreas para solucionar demandas de formas inovadoras e inesperadas.

A escolha dos objetivos de aprendizagem é um elemento central de todo o processo. Assim, a memorização de informações é mais associada com uma linha comportamentalista (behaviorismo) e em geral requer meios mais simples. Já a análise de um dado conteúdo se identifica com o ensino baseado em problemas e torna indicado o uso de vivências ou, na falta dessa, o emprego de simulações. Objetivos de aprendizagem podem ser identificados, por exemplo, pela taxonomia ou hierarquia de Benjamin Bloom.[9]

Alguns exemplos de abordagens de engenharia pedagógica são:

  • Os trabalhos de Robert Gagné,[10] comumente aplicados com TIC, Tecnologias de Informação e Comunicação.
  • O modelo SAT (Systems Approach to Training) das forças armadas americanas;
  • O Instructional Development Learning System (IDLS).[11]

Campo de atuação

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De acordo com o CBO o Design Educacional:

Implementam, avaliam, coordenam e planejam o desenvolvimento de projetos pedagógicos/instrucionais nas modalidades de ensino presencial e/ou a distância; participam da elaboração, implementação e coordenação de projetos de recuperação de aprendizagem, aplicando metodologias e técnicas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Atuam em cursos acadêmicos e/ou corporativos em todos os níveis de ensino para atender as necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os processos educacionais. Viabilizam o trabalho coletivo, criando e organizando mecanismos de participação em programas e projetos educacionais, facilitando o processo comunicativo entre a comunidade escolar e as associações a ela vinculadas. Atuam no contexto clínico, avaliando as funções cognitivas, motoras e de interação social dos clientes e promovendo a reabilitação das funções prejudicadas dos mesmos.[5]

Tal descrição indica a amplitude de atuação do Design Educacional que, equivocadamente, é associada somente a EaD ou uso de TIC's. O Design Educacional é um profissional que tem por finalidade o desenvolvimento de processos educativos eficazes e coerentes com as necessidades dos sujeitos ativos do processo educativo (alunos e professores). Atualmente a EaD e o ensino mediado pelas novas tecnologias de informação e comunicação tem sido o principal campo de atuação do Design Educacional. Nesse segmento o profissional deve conceber o "desenho" do processo educativo, conciliando os conteúdos pedagógicos específicos trazidos pelos professores e/ou especialistas com os recursos de informação e comunicação.

Material tradicional X material instrucional

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Por influência da Teoria Comportamental, que entende a aprendizagem como mudança de comportamento conceituada por meio da equação "Estímulo->Resposta->Consequência" (Tríplice Contingência) – há muitos anos e ainda hoje encontramos escolas que acreditam na aula expositiva como estratégia ideal para trabalhar conceitos (teoria), e utilizam-se de exercícios de verificação da aprendizagem como estratégia para o desenvolvimento da prática. São estratégias que exigem do aluno a devolução de todo o conhecimento transmitido pelo professor, ou seja, a reprodução mecânica da teoria. Neste contexto o material didático produzido é formulado para o alcance deste objetivo, priorizando localização de informações, memorização, mecânica de operações – e portanto denominado material tradicional.

Diferente do ensino presencial, onde o professor utiliza o material didático definindo passos da aula e replanejando simultameamente, na EAD os objetivos da aula devem ficar claros desde o início para que o aluno saiba o que se espera com a atividade. Portanto a atividade deve ser significativa – parte central da aula – pois assumirá o caráter interativo encontrado nas aulas presenciais. Daí a relevância do material autoinstrucional que precisa conter as seguintes características:

  • Identificar a tarefa;
  • Informar os objetivos da aprendizagem;
  • Ser formativo – mobilizando habilidades e competências;
  • Ser processual – graduando a complexidade das atividades;
  • Provocar reflexão sobre a prática;
  • Levar a mudança de comportamentos, valores e atitudes.
  • Possuir diferentes multimídias para maximizar a aprendizagem;

Referências

  1. Gilbert Paquette, Ingénierie pédagogique, 2002
  2. FILATRO, 2004, p. 65, Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: SENAC, 2004.
  3. David M. Luz, 2011, p.4, Design Instrucional e Análise do comportamento: uma breve introdução.São Paulo: PUC-SP, 2011
  4. Meister, Izabel (13 de dezembro de 2016). «Design Educacional: profissão do futuro». Unifesp. Consultado em 7 de junho de 2021 
  5. a b «Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)». Consultado em 7 de junho de 2021 
  6. «Welcome to ibstpi - international board of standards for training, performance and instruction». Welcome to ibstpi (em inglês). Consultado em 7 de junho de 2021 
  7. «TEDE». tede.sites.unifesp.br. Consultado em 7 de junho de 2021 
  8. Frank Coffield, David Moseley, Elaine Hall, Kathryn Ecclestone. Learning styles and pedagogy in post-16 learning: A systematic and critical review. Learning and Skills Research Centre. 2004
  9. Bloom, Benjamin S. Taxonomy of Educational Objectives. Allyn and Bacon, Boston, MA. 1956.
  10. Robert M. Gagne. Principles of Instructional Design. Wadsworth Publishing. 2004. isbn 978-0534582845.
  11. Peter J. Esseff, Mary Sullivan Esseff. IDLS—Pro Trainer 1: How to Design, Develop, and Validate Instructional Materials. 1970
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