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Accademia della Crusca

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A Villa medicea di Castello, em Florença, sede da Crusca.

A Accademia della Crusca é a mais prestigiosa instituição linguística da Itália, reunindo estudiosos e especialistas em linguística e filologia italiana, e a mais antiga entre as academias em atividade no país. Faz parte da Federação Européia das Instituições Linguísticas Nacionais, cuja função é estabelecer uma diretriz comum de proteção às línguas oficiais.[1]

Fundada em Florença, em 1583, a Crusca sempre se distinguiu por seu empenho em manter a pureza da língua italiana original, tendo publicado, já em 1612, a primeira edição do Vocabolario della língua italiana,[2] que serviu como exemplo lexicográfico para as línguas francesa, espanhola, alemã e inglesa.

Nessa primeira edição, os autores mais explorados foram Dante (Divina Comédia), Boccaccio (Decameron) e Petrarca (Cancioneiro), no intuito de mostrar e conservar a beleza do fiorentino do Trecento, embora não fossem excluídos modelos não toscanos, principalmente Ariosto, e o recurso à língua falada (atestada nos comediógrafos), além da terminologia técnico-científica, da qual Cosmo I foi promotor.

Página do Vocabolario degli accademici della crusca, 1623.

Os primórdios da Accademia della Crusca remontam à década de 1570-1580, com as reuniões de um grupo de amigos autodenominados "brigata dei crusconi". Ao escolher este nome, já manifestavam a vontade de se diferenciar da pedanteria da Accademia fiorentina, à qual contrapunham as cruscate (do toscano crusca: casca ou farelo do grão, especialmente de trigo),[3] isto é, discursos brincalhões e conversas de pouca importância.

Entretanto, mesmo nesses primeiros anos, não estavam completamente ausentes as preocupações literárias, acontecendo também discussões e leituras com algum compromisso cultural, voltadas particularmente às obras e autores vulgares.

Tradicionalmente são considerados fundadores da Crusca: Giovan Battista Deti, dito il Sollo ("o mole"); Anton Francesco Grazzini, il Lasca ("o peixe"); Bernardo Canigiani, il Gramolato ("o triturado"); Bernardo Zanchini, il Macerato ("o macerado"); Bastiano de’ Rossi, l’Inferigno ("o pão de farelo"), aos quais, em outubro de 1582, juntou-se Lionardo Salviati, l’Infarinato ("o enfarinhado"), que deu um impulso decisivo para a transformação dos objetivos da academia, indicando o papel normativo que a partir daí assumiria.

Salviati também deu novo significado ao nome Crusca, criando uma simbologia e atribuindo à academia a finalidade de separar a flor de farinha - isto é boa língua, segundo o modelo preconizado por Pietro Bembo, em 1525 - da casca (crusca). Salviati retomou o modelo de Bembo que previa o primado do florentino vulgar, cujo modelo eram os autores do Trecento.

A primeira assembléia, quando começaram a ser discutidos os estatutos, aconteceu em 25 de janeiro de 1583, porém a cerimônia de inauguração da academia só aconteceu dois anos depois, em 25 de março de 1585. Em 1589, ano da morte de Salviati, foram instituídos a estrutura organizacional da academia, os cargos e respectivas atribuições.

Em 1590 foi escolhido como símbolo da academia, o frullone, peneira usada para separar a flor de farinha da casca. Como mote, adotou o verso de Petrarca "il più bel fior ne coglie", no sentido de escolher a fina flor da língua.[4]

Convencionou-se também que todos os objetos e a mobília da Accademia deveriam ter nomes alusivos ao trigo, à casca do grão, ao pão, inclusive os brasões pessoais dos acadêmicos, tábuas de madeira nas quais era pintada uma imagem simbólica acompanhada do nome do acadêmico e o lema escolhido.

Sala de leitura da Biblioteca Riccardiana, propriedade da Accademia della Crusca.

Referências

  1. Europa plurilingue
  2. Vocabulário dos Acadêmicos da Crusca on line Arquivado em 21 de fevereiro de 2010, no Wayback Machine. (em italiano)
  3. Definição de crusca no Vocabulário da Accademia Arquivado em 21 de fevereiro de 2010, no Wayback Machine.: buccia di grano, o biade macinate, separata dalla farina.
  4. "La lingua italiana e l'Accademia della Crusca a Firenze", por Flavio Gori - 1ª. parte Arquivado em 9 de novembro de 2008, no Wayback Machine.; 2ª. parte Arquivado em 9 de novembro de 2008, no Wayback Machine. e 3ª parte Arquivado em 9 de novembro de 2008, no Wayback Machine..

Ligações externas

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